





Estamos vivendo o luto coletivo pela morte da Rita Lee. Uma mulher que foi tanto, cantou sobre o que quis, escreveu versos que estão gravados dentro da gente como tatuagem, fez muita gente feliz. E foi feliz.
Durante esses dias, de tudo o que já se falou e se escreveu sobre a morte de Rita, me chamou a atenção esse tweet:
“A certeza absoluta de ser amada”. Sem ter medo de onde a pessoa amada poderia chegar. E ser amada não só por suas qualidades, mas com os seus defeitos. Principalmente com os seus defeitos. A certeza absoluta de ser amada e poder ser quem se é, sem se diminuir para caber em uma relação. Sem deixar seus sonhos e suas loucuras de lado.
Quantas de nós tivemos e temos essa sensação ao longo da vida?
Na infância, os modelos de amor que eu conheci se encontravam principalmente dentro das novelas da Globo nos anos 90 (e Rita estava na trilha de muitas delas). Essa certeza absoluta do amor entre duas pessoas não era algo que aparecia na minha casa com frequência: meus pais se separaram quando eu tinha dois anos, minhas tias viviam sequências de romances frustrados, meus avós talvez só não tenham se divorciado porque este conceito não pertence ao tempo deles.
Nas novelas o enredo é sempre do casal que se apaixona mas não pode viver esse amor. Da mocinha que é suave nas suas maneiras, indefesa, precisa ser protegida e está sempre sofrendo com as artimanhas de uma vilã que deseja o seu homem. E por mais que eles estejam fadados ao final feliz, nunca se tem essa certeza absoluta do amor entre eles. O cara me parece sempre ser do tipo que vai pular fora do barco na primeira crise.
Ao longo dos anos eu cansei desse tipo de enredo e descobri na prática que o amor é na verdade uma construção diária e exige muita disposição de todas as partes envolvidas - seja lá quantas partes forem- para acontecer. Mesmo diante de todas as nossas nuances. Como na pregação do Hot Priest em Fleabag, amar é horrível e exige muito da gente. E ter a certeza absoluta desse amor é realmente algo meio inédito para nós mulheres. Que bom que tivemos Rita e Roberto vivendo esse amor diante dos nossos olhos e ouvidos, cantando sobre se acostumar com você, roubar os anéis de Saturno, tomar banho de espuma, não fazer nada, deitar, rolar e fazer amor por telepatia.
Mais algumas coisinhas:
Sei que geral ama “Amor e Sexo” da Rita, mas sempre me incomodou demais o dualismo da letra. Tem tanta coisa entre o 8 e o 80, sabe?
“Só você não viu que eu amo você também, sua cachorra, sua piranha, sua bandida…” A cena entre Bebel e Olavo na novela Paraíso Tropical, de 2007, é maravilhosa demais.
O review de camisinhas da Hana Kahlil é um serviço de utilidade pública
E uma imagem que chega a dar gatilhos:
Beijos
Lari