Se chove lá fora...
Algumas das 43 vozes da minha cabeça cantam sempre as mesmas músicas em dias de tempo ruim
Choveu durante todos os dias nesta semana. Eu sou uma pessoa bem sensível às intempéries climáticas, no sentido de que: dias seguidos de chuva e frio são uma boa definição do purgatório para mim. Me sinto murcha, mofada, sem disposição. Tudo requer no mínimo cinco vezes mais esforço e eu nem vou falar de todos os transtornos de dona de casa que a gente vive nessa época.
E quando os dias estão assim, uma das 43 vozes da minha cabeça invariavelmente está cantando duas músicas:
Se chove lá fora, queimo aqui dentro
De vontade de te abraçar
Amor, quando chove
Fica mais triste a espera
Por alguém que não vai chegar
Patrícia Marx. Ela era cool. Tinha aquele cabelo curtinho, sobrancelhas fininhas, ícone dos anos 90. Sempre que uma das vozes da minha cabeça canta essa música eu me imagino sofrendo por um amor que nunca vai chegar, olhando pela janela, enquanto as gotas d’água estampam o vidro.
E aí tem esta música:
Essa música do Heart me pega demais. Tem toda uma narrativa ali - começo, meio e fim, com alguns plot twists dignos de novela das oito das boas. Ela começa falando sobre uma noite de chuva. E a gata tá passando de carro quando se depara com um boy desconhecido, sem guarda-chuva ou casacos (eu entendo, detesto esses acessórios de dia de chuva). E o que ela faz? O que toda mulher faria (não): dá uma carona para ele sem nem perguntar o nome do rapaz. Tudo muito normal até aqui.
E no maior estilo DO NADA: ela leva o querido para um motel. Nisso eu já estou completamente obcecada, pensando que a nossa protagonista deve ter Vênus em Áries ou Sagitário. Doidinha ela. Deve estar no período fértil, na época não tinha Tinder, era complicado, né? Aí vem refrão em que ela diz que só quer uma noite de amor e que no fim, ela é bem carinhosa. Quem nunca, não é mesmo?
A segunda parte da música começa de forma maravilhosa porque tem toda uma descrição do que rolou no tal hotel.
We made magic that night
Oh, he did everything right
He brought the woman out of me
So many times, easily
Fez gostoso e chegou lá várias vezes com facilidade? Não pode ser. Sei lá, a primeira vez com uma pessoa raríssimas vezes desenrola dessa forma na vida real. Por mais excitante que seja. Dois (ou mais, sei lá) corpos que não têm o mínimo de intimidade? Não consigo acreditar. Seria eu uma pessoa demissexual? Agora fiquei preocupada.
E aí eu fico um pouco decepcionada nos versos seguintes. Quando a nossa diva se dá por satisfeita, ela deixa um recado explicando que na real, ela só queria uma “semente para plantar uma árvore” - isso mesmo que você entendeu - e pede para o cara não tentar procurá-la. Na terceira parte da música vem mais um plot à la Gloria Perez de que no fim eles se encontram anos depois quando ela já está com um filho no colo e é isso aí galera.
Entendo que talvez nos anos 80 uma mulher querer só um sexo casual gostoso numa noite de chuva não era socialmente aceito, e que sei lá, a nossa heroína usou das ferramentas que tinha à mão para chegar ao seu objetivo. Mas que ia ser tão legal a história focar só neste encontro…ah, isso ia.
Urge a necessidade de parar de chover
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Com carinho,
Lari